sexta-feira, 26 de março de 2010

Globalização dos Impactos Ambientais

A moda ditada pelo modelo capitalista atualmente é a preservação do meio ambiente. E será que essa moda está pegando? Ao longo dos anos, várias conferências foram feitas com o objetivo de solucionar, ao menos tentar conter os impactos que vem sofrendo o meio ambiente. Como a Conferência de Estocolmo, em 1972.
Tudo indica que está moda jamais irá pegar, pois o modelo vigente encara a natureza e seus complexos ecossistemas apenas como inesgotáveis fontes de energias e matéria prima e como receptora de lixos produzidos por suas cidades, indústrias e atividades agrícolas. Em sumo, fonte de matéria prima que gera lucro.
Cada fator que compõem o meio ambiente vem sofrendo direta e indiretamente com ação do homem. O meio ambiente abiótico (físico) é composto pelo solo, água, atmosfera e radiação e é um dos mais afetados, fazendo com que o meio ambiente biótico (biológico) também seja afetado, a fauna e flora.
Com a Revolução Industrial, quem mais sofreu e irá sofre somos nós, os homens, pois com o crescimento de indústrias no mundo, ao longo dos anos, há um enorme aumento na emissão de certos gases, que contribuem para a chuva ácida, ilha de calor, efeito estufa e o aumento da camada de ozônio. Que mais tarde, será o homem a vítima de tais efeitos.
Quem acha que a globalização dos impactos ambientais é só no espaço urbano se engana, pois os efeitos aqui citados também atingem o meio rural. Além desses impactos, o meio rural sofre com desmatamento, queimadas, contaminação dos rios e lençóis freáticos por agrotóxicos e fertilizantes. Aqui no Brasil, a globalização dos impactos ambientais se dá através dos grandes projetos implementados pelo governo, ao longo da história.

AMAZÔNIA: MINHA TERRA

Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Rondônia, Tocantins, a porção central e norte do Mato Grosso e a porção oeste do Maranhão, uma área de aproximadamente 4,8 milhões de Km2, mais da metade do território brasileiro. Área que denominamos de complexo regional amazônico ou Amazônia. Localizada no norte do Brasil, a Amazônia não despertou grande interesse da metrópole portuguesa, pois nessa região não encontraram riquezas minerais (ouro e prata) ou solos favoráveis para a prática agrícola. Durante o período colonial, o complexo regional amazônico era apenas utilizado para instalar missões religiosas e para extração de certas especiarias (drogas do sertão). Mas foi no final do século XIX e inicio do século XX, que o interesse na Amazônia começou a crescer. Um surto de povoamento ocorreu, proporcionado pela extração do látex da seringueira. Fazendo com que tal produto tornasse importante, a ponto de ser exportado, com advento da indústria automobilística nos países industrializados. Mas a atividade econômica de extração do látex entrou em decadência, em virtude da concorrência inglesa, sobrando apenas algumas marcas da época áurea, no espaço geográfico de Belém e Manaus. Durante o período da ditadura militar, o Estado brasileiro resolve levar adiante planos, programas e diversos projetos, com o objetivo de ocupar e explorar economicamente a região.
Um dos projetos da época foi o Polamazônia, que oferecia terras e concedia incentivos fiscais aos grandes empresários do centro-sul e estrangeiros. Mas este projeto deixou conseqüências, como a exclusão de grupos descapitalizados (posseiros, pequenos proprietários, castanheiros, etc.), devastação do meio ambiente e aumento dos conflitos de territorialidade. Com o processo de ocupação da Amazônia na década de 80, veio também a construção de rodovias e a criação de grandes projetos.
Com a construção de rodovias para ocupar o espaço que até então era considerado vazio, veio o surgimento e crescimento de cidades ao longo das rodovias, que acabou intensificando o desmatamento ao longo das mesmas, com o objetivo de extrair madeiras para fins comerciais, para implementação de projetos agropecuários e para implementação de projetos de mineração. Além do desmatamento, a construção de rodovias causou a destruição da biodiversidade local, genocídio e etnocídio de povos indígenas, erosão e empobrecimento dos solos, assoreamento dos rios, elevação da temperatura, desertificação e proliferação de doenças e pragas. E com a implementação dos grandes projetos, o Brasil adquiriu uma grande dívida externa, pois para garantir a construção de obras de infra-estrutura necessária para o funcionamento dos projetos foi necessário empréstimo internacional. Explorações desordenadas dos recursos naturais também fazem parte do curriculum do sistema capitalista, que visa apenas lucrar , deixando fatais conseqüências no meio ambiente.
A construção da UHE de Tucuruí, maior empreendimento público que já se viu na Amazônia, resultou na expulsão de aproximadamente 30 mil pessoas, entre elas, índios,caboclos, garimpeiros e pescadores. Isso porque o lago represado inundou nada menos que 2.430 KM2 de floresta . Vale ressaltar que a energia gerada em Tucuruí, beneficia projetos e industrias de capital estrangeiro. E os nativos da região como ficam nessa história? Infelizmente ficam esquecidos e no escuro, pois ainda há cidades vizinhas a Tucuruí que não desfrutam da energia elétrica.
Após décadas de ocupação de nossa Amazônia, o que nota-se em termos sociais e ambientais, é que o modelo de ocupação e desenvolvimento pensado e colocado em prática para a região é negativo, pois parte considerável da floresta foi devastada; muitas riquezas foram retiradas da região com pouco ou nenhum beneficio à população local; aumenta os conflitos por posse de terras; terras indígenas foram invadidas e muitos confrontos entre índios e brancos ocorreram e vêm ocorrendo.
Que tipo de desenvolvimento é este que foi pensado para Amazônia ? Um desenvolvimento baseado na falta de respeito com a população, no desmatamento de nossa floresta, no fim da biodiversidade,e na extinção de nossos índios... Afinal, é isto que queremos para nosso futuro, sermos vítimas de nossas próprias ações ?